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GUILHERME DELGADO
(BRASIL – PARAÍBA)
Poeta e tradutor.
Nasceu em João Pessoa (PB).
Bacharel em Tradução e mestre em Letras pela Universidade Federal da Paraíba, é doutorando em Letras pela Universidade Federal do Paraná.
Participou das plaquetes Tanto mar sem céu (Lumme Editor, 2017, A noite dentro da ostra (Lumme Editor, 2019), além da antologia 80 balas, 80 poemas (Zunái, 2020), organizadas por Claudio Daniel.
Tradutor de Personae (1926) de Ezra Pound.
DANIEL, Claudio. NOVAS VOZES DA POESIA
BRASILEIRA. Uma antologia crítica. Capa: Thiti
Johnson. Cajazeiras: Arribação, 258 p.
ISBN 978-85-6036-3333365-6
Exemplar biblioteca de Antonio Miranda
RESIGNAÇÃO DIANTE DO IRREPARÁVEL
(ISMAEL NERY)
Três nuvens negras prestes a encobrir
uma réstia de sol.
Equilibrando-se sobre uma perna,
sem braços, mutilado,
sem dúvida parece deprimido,
mas seu rostos sem rosto
não o diz — se que falta faz um rosto
que se derrame em lágrimas!
O chão de arena indica que houve luta:
ameaçando lançar-se
no azul de um oceano melancólico,
sua sombra medita.
X
Se fico fiz certo
Parto do princípio
que é fértil o deserto
(um contraprincípio
portanto). Aparadas
as arestas sou
sou somente palavras
à mercê de e/ou
Um ângulo pênsil
entre voz e unção
semente e silêncio
Dá o que pensar
Vez em quando sou
isso de pensar
VILANELA
Quando o silêncio cresce sequioso
sobre a completa ausência dos enigmas,
quando a sombra projeta o corpo ao fosso,
precipitamos com pedras nos bolsos
ou contra as pedra do Sena — friíssimas.
Quando o silêncio cresce sequioso,
faço um gesto de folha e me desfolho.
Falta-me a consciência esguia
da mente que se lança sã ao fosso;
falta-me gênio mais do que esforço,
certamente — embora não admita
quando o silêncio cresce sequioso.
—Mas isso não acontece o tempo todo?
Digam, amigos, sem hipocrisia:
nós já não frequentamos esse fosso?
Ao perder sonhos ou perdendo o sono?
Em tempos de barbárie e de poesia?
Quando o silêncio cresce sequioso,
não nos tornamos um pouco esse fosso?
*
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Página publicada em setembro de 2024
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